Coqueluche
- Dra. Juliana Framil

- 8 de ago.
- 4 min de leitura
Atualizado: 22 de ago.
A coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é uma infecção respiratória, causada por uma bactéria chamada Bordetella Pertussis. É uma doença altamente contagiosa. Uma pessoa infectada é capaz de transmitir para 15 a 17 outras pessoas!
Nos últimos dois anos, em particular em 2024, vários países relataram aumento importante no registro de casos e óbitos por coqueluche. Colômbia, Reino Unido, Austrália, China, Estados Unidos são exemplos.
No Brasil, desde 2014, o número de casos de coqueluche havia diminuído consideravelmente. Em todo o ano de 2022, foram notificados apenas 159 casos em nosso país. Entretanto, o aumento do número de casos visto ao redor do mundo em 2024 também ocorreu no Brasil, com a notificação de mais de 6.500 casos. É uma doença com altos índices de hospitalização, complicações e mortes entre crianças pequenas. Em 2024, tivemos 29 óbitos e, desses, 24 ocorreram em menores de um ano de idade.
E como a coqueluche é transmitida? Nós adquirimos a bactéria ao inalar partículas contaminadas. A pessoa infectada elimina essas gotículas ao falar, tossir, espirrar e, ao entrar no nosso organismo, a bactéria se fixa nas células do sistema respiratório, e libera toxinas, que causam inflamação. Outra maneira de contrair a doença é pelo contato com objetos contaminados pela secreção de pessoas doentes – essa forma é menos frequente, pois a bactéria não sobrevive por tanto tempo no ambiente.
O tempo entre o contato com a Bordetella spp e o início dos sintomas varia de 5 a 10 dias, mas pode chegar a 42 dias em alguns casos.
Quando suspeitar que estou com coqueluche? Os sintomas da coqueluche costumam ter características diferentes em cada fase da doença. Inicialmente, temos uma fase catarral, que dura de uma a duas semanas e, muitas vezes, se parece com um resfriado. Surge coriza, mal-estar, febre, espirros e uma tosse leve e ocasional, que vai se intensificando.
A segunda fase é chamada de fase paroxística. Ela pode variar de duas a seis semanas. Nesse período, a tosse passa a ser mais intensa e rápida, com crises de tosse que podem durar alguns minutos. Pelos acessos de tosse, o paciente pode chegar a vomitar e ficar bastante cansado. Esses são os sintomas clássicos da coqueluche, por isso ela ganhou o nome popular de tosse comprida.
A última fase é chamada de convalescença, que pode durar semanas ou meses, e tem como principal sintoma a redução aos poucos da tosse.
Quem precisa ter uma atenção especial? Os Bebês menores de 1 ano de vida, principalmente aqueles com até 6 meses, são mais propensos a desenvolver as formas graves da doença, que pode chegar a ser letal! Eles desenvolvem quadros tão intensos, que as crises de tosse levam a vômitos, sudorese e dificuldade para respirar.
Pode haver desidratação, decorrentes dos episódios repetidos de vômitos, convulsões, apneia (que são aquelas pausas mais prolongadas na respiração do bebê), parada respiratória e óbito.
Pessoas com doenças pulmonares ou cardíacas crônicas, como a asma e o enfisema pulmonar, pacientes com a imunidade mais baixa, como portadores de câncer em quimioterapia ou que tenham sido submetidos a transplante de medula ou de órgãos, também podem evoluir com a forma grave da doença.
Tratamento O tratamento da coqueluche é feito com antibióticos, que servem para eliminar a bactéria e, consequentemente, aliviar os sintomas e reduzir a transmissão da doença. O antibiótico mais utilizado é a azitromicina e, quando usamos essa medicação, 5 dias de tratamento são suficientes!
Além do antibiótico, algumas medidas são essenciais, como repouso, manter uma hidratação adequada e o uso de outros medicamentos para aliviar os sintomas, como analgésicos/antitérmicos e medicações para controlar os vômitos.
Os pacientes graves precisam de suporte em ambiente hospitalar, incluindo fisioterapia respiratória, oxigênio, inalações e , por vezes, até ajuda de aparelhos para respirar.
Você sabia que mesmo para os casos leves, é importante fazer o diagnóstico e o tratamento? O diagnóstico é fundamental para identificar os transmissores da doença e, com o tratamento, minimizar essa disseminação.
Uma pessoa com coqueluche não tratada pode transmitir a bactéria durante 21 dias!
Quando iniciamos o antibiótico, interrompemos a transmissão após o tratamento, reduzindo para 5 dias de contágio.
É importante manter o paciente isolado até o término do tratamento, pois eles colocam as pessoas ao seu redor em risco. O isolamento dos pacientes com coqueluche é semelhante do que vivemos com outras infecções respiratórias: recomendamos uso de máscaras, manter-se em ambientes bem ventilados, evitar compartilhar talheres, copos, utensílios pessoais.
Existe vacina para a coqueluche? Sim! E essa é a forma mais eficaz de prevenir a evolução desfavorável da doença!
O Programa Nacional de Imunização (PNI) recomenda que todas as crianças recebam a vacinação contra coqueluche, mesmo quando já tiverem apresentado histórico da doença. Aos 2, 4 e 6 meses de idade, deve ser aplicada a vacina pentavalente, que além do componente da coqueluche, também protege contra difteria, tétano, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo B.
O reforço é feito com a vacina tríplice bacteriana, que protege contra tétano, difteria e coqueluche e deve ser aplicado aos 15 meses e aos 4 anos de idade. Gestantes devem ser vacinadas com a vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa), a cada gestação, a partir da 20ª semana.
Caso a mulher perca a oportunidade de se vacinar nesse período, deve realizar a vacinação após o nascimento do bebê, no puerpério, o quanto antes! Essa estratégia foi a mais eficiente para proteger os recém-nascidos e lactentes, população de maior vulnerabilidade para desfechos clínicos graves e óbito.
Pelo mesmo motivo, profissionais de saúde que atendam pacientes de risco, parteiras tradicionais e doulas devem receber a vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa) a cada 10 anos.
A Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Imunizações ainda recomendam um reforço adicional da tríplice bacteriana acelular na adolescência. A maneira mais eficaz de prevenir a coqueluche é por meio da vacinação. A vacina da coqueluche é uma vacina segura, com efeitos colaterais mínimos.
A coqueluche é uma doença potencialmente grave, mas que tem tratamento e maneiras de ser evitada! Por isso, mantenha o calendario vacinal de toda família em dia e, diante de sintomas, procure atendimento médico.
E se você foi diagnosticado com coqueluche, cumpra o tratamento corretamente e respeite o período de isolamento indicado. Você estará cuidando de si prórpio e de quem você ama! |
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